CIDADE DO KUWAIT — A decisão do governo do Kuwait de apresentar sua renúncia, anunciada nesta quinta-feira e provocada por pressões da oposição parlamentar, deu origem a uma nova crise institucional no pequeno país do Golfo Pérsico, normalmente propenso à volatilidade política.
A renúncia, que não tem relação com as atuais rebeliões em outros países do mundo árabe, marca o sexto gabinete liderado pelo primeiro-ministro Nasser Mohammed al-Ahmad Al-Sabah a se demitir desde sua posse, há cinco anos.
Além disso, o parlamento já foi dissolvido três vezes no emirado no mesmo período.
"O gabinete kuwaitiano acaba de enviar sua renúncia em uma reunião extraordinária", Rudhan al-Rudhan, ministro de Estado para Assuntos de Gabinete, citado pela agência estatal de notícias KUNA.
Em meio às pressões da oposição, que acusa o primeiro-ministro de incompetência e defende sua renúncia, cabe apenas ao emir, xeque Sabah al-Ahmad Al-Sabah, tomar esta decisão.
Primeiro, o xeque Sabah precisa decidir se aceita ou não a demissão do governo. Se aceitar, deverá então resolver se mantém o xeque Nasser no cargo ou se apontará um outro premier para formar novo gabinete.
Tudo começou quando um grupo de deputados solicitou ao Parlamento a demissão do vice-primeiro-ministro para Assuntos Econômicos e dos ministros das Relações Exteriores e da Informação, todos membros da família Al Sabah, acusando-os de corrupção e fracasso no exercício do cargo.
Na semana passada, os deputados liberais Adel al-Saraawi e Marzouk al-Ghanem lançaram uma acusação de corrupção contra o xeque Ahmad Fahad al-Sabah, vice-primeiro-ministro para Assuntos Econômicos, que teria se beneficiado de contratos ilegais no valor de 900 milhões de dólares.
Antes disso, o deputado xiita Faisal al-Duwaisan pediu audiências para interrogar o ministro da Informação e Petróleo, xeque Ahmad Abdullah Al-Sabah. Outro deputado, Saleh Ashour, também xiita, denunciou por sua vez o ministro das Relações Exteriores, xeque Mohammed Al-Sabah.
Todas estas denúncias coincidem com uma campanha da oposição pela saída do primeiro-ministro, que é sobrinho do emir.
Comentário Crítico
Apesar das crises com a oposição, a renúncia de um primeiro-ministro de um país árabe, na atual situação, é algo que deve ser analisado. Até que ponto sua renúncia teve como causa a pressão e cobrança da oposição? Até que ponto Al-Sabah não está apenas tentando evitar que a revolta chegue de fato ao Kuwait, e caia toda em suas mãos? A sua renúncia, como indicado, causa uma nova crise política no Kuwait. Até que ponto isso pode provocar uma revolta interna, derrubando, assim, mais um governo no Oriente Médio? Devemos estar atentos a estes acontecimentos e aguardar por possíveis maiores repercussões.
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