Filme com Wagner Moura e Aline Moraes tem humor mais refinado que seus concorrentes lançados este ano, mas excesso de referências e de reviravoltas
Na onda de comédias que dominou a bilheteria do cinema nacional nos últimos tempos, O Homem do Futuro, que estreia nesta sexta-feira, é o tom mais dissonante. Dirigido por Claudio Torres (Redentor e Mulher Invisível) e protagonizado por Wagner Moura e Aline Moraes, o filme se encaixa no gênero de De Pernas Pro Ar e Cilada.com, os mais bem sucedidos este ano, mas tem com eles diversos pontos de divergência. A saber, o pendor para a ficção científica, um roteiro menos raso que o dos concorrentes imediatos - embora excessivamente intrincado - e humor mais refinado.
A história de Zero (Wagner Moura), um cientista turrão que carrega um trauma da juventude e que na vida adulta se dedica a um experimento em busca de novas formas de energia, nasceu, segundo Claudio Torres, de uma cena de Mulher Invisível, lançado em 2009. “Durante uma gravação, eu pedi que o Selton Mello interpretasse a fala da Luana Piovani. Dali, surgiu a ideia que é a premissa de O Homem do Futuro: ‘E se pudéssemos dialogar com nós mesmos, como se fôssemos uma segunda e até uma terceira pessoa?’”, disse o diretor ao site de VEJA.
No filme, por acidente – como em praticamente todos os longas de ficção científica, aliás – o cientista volta ao passado e tem a chance de reparar o que ele julga ser a raiz de todos os males de vida atual, a solidão, o tédio e um caso de amor mal resolvido. É o tal trauma da juventude: uma humilhação imposta pelo ex-namorado (Gabriel Braga Nunes, como Ricardo) de Helena (Aline Moraes), garota por quem Zero era apaixonado, num trote de faculdade.
Nos retornos ao passado e idas ao futuro, Zero se depara com as vidas que poderia ter com Helena, caso o fatídico trote não tivesse se consumado. O efeito é próximo ao da Teoria do Caos. Um fato aparentemente menor toma proporções inesperadas e trágicas no futuro. E, enquanto essas proporções avançam em dimensão e tragicidade, uma certeza vai se sedimentando: algumas escolhas, por mais vexaminosas que sejam suas consequências, são necessárias. Para amadurecer ou pelo menos para aprender a reagir.
Referências - Nessas passagens de tempo, se veem as referências de Claudio Torres para a construção do enredo. O ponto de partida é o cinema americano, que tornou célebres filmes de ficção científica repletos de efeitos especiais e viagens no tempo, ao lado de comédias românticas universitárias.
Torres não nega a influência. “O filme tem desde elementos usados em De Volta Para o Futuro, Feitiço do Tempo e Efeito Borboleta a outros de romances juvenis como Peg e Sue. Meu objetivo é entreter, recriando esses referenciais com traços do nosso humor e de histórias da geração que o filme retrata, uma geração que cresceu no começo dos anos 1990, ouvindo Legião Urbana”, resume.
Não tivesse o diretor carregado tanto nessas tintas e no excesso de reviravoltas, O Homem do Futuro se aproximaria menos de um pastiche. Mas o longa cumpre seu papel de entretenimento rápido e não ofensivo, como uma sessão da tarde que não aposta em apelo sexual (embora Aline Moraes). Tem boas tiradas - ‘Posso fumar aqui? Claro, isso é um bar”, afinal, era 1991 e o politicamente correto não havia engolido a consciência da humanidade - e bom elenco, com destaque para Wagner Moura.
O desafio para o distribuidor do filme é encostar nos concorrentes, que são muitos e não apenas do país. A projeção é de alcançar 3 milhões de espectadores nos próximos dois meses. “Se chegarmos a 700.000, eu me dou por satisfeito, pois assim pago os custos do filme”, diz o diretor, rindo. Para tanto, ele oferece ao público aventura, ficção científica e uma sofrida paixão entre rostos conhecidos da TV brasileira, o que tem garantido um bom recall no cinema brasileiro.
Comentário: O cinema brasileiro vem evoluindo nos últimos anos e os resultados de bilheteria confirmam isso. Os filmes de humor, que antes apresentavam um humor apelativo, muitas vezes impróprio, agora apresentam um humor inteligente, como diz o autor da notícia. As producões estão mais bem feitas, no caminho do cinema internacional. Porém, ainda há muito para melhorar.
Na onda de comédias que dominou a bilheteria do cinema nacional nos últimos tempos, O Homem do Futuro, que estreia nesta sexta-feira, é o tom mais dissonante. Dirigido por Claudio Torres (Redentor e Mulher Invisível) e protagonizado por Wagner Moura e Aline Moraes, o filme se encaixa no gênero de De Pernas Pro Ar e Cilada.com, os mais bem sucedidos este ano, mas tem com eles diversos pontos de divergência. A saber, o pendor para a ficção científica, um roteiro menos raso que o dos concorrentes imediatos - embora excessivamente intrincado - e humor mais refinado.
A história de Zero (Wagner Moura), um cientista turrão que carrega um trauma da juventude e que na vida adulta se dedica a um experimento em busca de novas formas de energia, nasceu, segundo Claudio Torres, de uma cena de Mulher Invisível, lançado em 2009. “Durante uma gravação, eu pedi que o Selton Mello interpretasse a fala da Luana Piovani. Dali, surgiu a ideia que é a premissa de O Homem do Futuro: ‘E se pudéssemos dialogar com nós mesmos, como se fôssemos uma segunda e até uma terceira pessoa?’”, disse o diretor ao site de VEJA.
No filme, por acidente – como em praticamente todos os longas de ficção científica, aliás – o cientista volta ao passado e tem a chance de reparar o que ele julga ser a raiz de todos os males de vida atual, a solidão, o tédio e um caso de amor mal resolvido. É o tal trauma da juventude: uma humilhação imposta pelo ex-namorado (Gabriel Braga Nunes, como Ricardo) de Helena (Aline Moraes), garota por quem Zero era apaixonado, num trote de faculdade.
Nos retornos ao passado e idas ao futuro, Zero se depara com as vidas que poderia ter com Helena, caso o fatídico trote não tivesse se consumado. O efeito é próximo ao da Teoria do Caos. Um fato aparentemente menor toma proporções inesperadas e trágicas no futuro. E, enquanto essas proporções avançam em dimensão e tragicidade, uma certeza vai se sedimentando: algumas escolhas, por mais vexaminosas que sejam suas consequências, são necessárias. Para amadurecer ou pelo menos para aprender a reagir.
Referências - Nessas passagens de tempo, se veem as referências de Claudio Torres para a construção do enredo. O ponto de partida é o cinema americano, que tornou célebres filmes de ficção científica repletos de efeitos especiais e viagens no tempo, ao lado de comédias românticas universitárias.
Torres não nega a influência. “O filme tem desde elementos usados em De Volta Para o Futuro, Feitiço do Tempo e Efeito Borboleta a outros de romances juvenis como Peg e Sue. Meu objetivo é entreter, recriando esses referenciais com traços do nosso humor e de histórias da geração que o filme retrata, uma geração que cresceu no começo dos anos 1990, ouvindo Legião Urbana”, resume.
Não tivesse o diretor carregado tanto nessas tintas e no excesso de reviravoltas, O Homem do Futuro se aproximaria menos de um pastiche. Mas o longa cumpre seu papel de entretenimento rápido e não ofensivo, como uma sessão da tarde que não aposta em apelo sexual (embora Aline Moraes). Tem boas tiradas - ‘Posso fumar aqui? Claro, isso é um bar”, afinal, era 1991 e o politicamente correto não havia engolido a consciência da humanidade - e bom elenco, com destaque para Wagner Moura.
O desafio para o distribuidor do filme é encostar nos concorrentes, que são muitos e não apenas do país. A projeção é de alcançar 3 milhões de espectadores nos próximos dois meses. “Se chegarmos a 700.000, eu me dou por satisfeito, pois assim pago os custos do filme”, diz o diretor, rindo. Para tanto, ele oferece ao público aventura, ficção científica e uma sofrida paixão entre rostos conhecidos da TV brasileira, o que tem garantido um bom recall no cinema brasileiro.
Comentário: O cinema brasileiro vem evoluindo nos últimos anos e os resultados de bilheteria confirmam isso. Os filmes de humor, que antes apresentavam um humor apelativo, muitas vezes impróprio, agora apresentam um humor inteligente, como diz o autor da notícia. As producões estão mais bem feitas, no caminho do cinema internacional. Porém, ainda há muito para melhorar.
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